quarta-feira, 13 de julho de 2011

"URUBU COME CARNIÇA E VOA!!!" NA MOSTRA DO ENGENHO TEATRAL, confira a programação!




Venha prestigiar, teatro de qualidade e gratuito!!!

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de 16 de julho a 14 de agosto de 2011
sábados e domingos às 19:00 horas
ENTRADA GRATUITA
(não se proíbe a entrada de crianças acompanhadas)
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Dias 16 e 17 de julho
URUBÚ COME CARNIÇA E VÔA!
Grupo Clariô de Teatro
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É negro, pernambucano, de Muribeca, bairro periférico que leva o nome do lixão em torno do qual o conjunto habitacional, onde mora, foi construído. “Lá vem bandidagem”, pensa o preconceito e o mal-informado. Erra feio: lá vem Miró e, com ele, poesia! Vida!
Do nordeste para Taboão, São Paulo, nas mãos do Clariô, um grupo feito do mesmo barro, da mesma periferia num outro lugar, o poeta e sua poesia viram teatro. De novo, vida!
Em Urubú Come Carniça E Vôa!, o poeta Miró de Muribeca lança seu olhar cheio de questionamentos a uma sociedade onde não se reconhece. O que se encena não é a biografia de um autor, mas seu mundo, nosso mundo Muribeca.
Duração: 1 hora – Recomendado para maiores de 12 anos
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Dias 23 e 24 de julho
A DÓCIL
Folias
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Colocado dentro do palco, o público acompanha as tentativas de um agiota para entender e explicar de maneira conveniente a morte de sua mulher, que caiu de um prédio segurando uma santa. Ele tenta de todos os modos se eximir de qualquer responsabilidade, mas suas justificativas dão no contrário.
A partir de uma novela de Dostoiévski, o espetáculo trata das relações cordiais como solo propício para o ressentimento e a violência.
Apenas 100 lugares
Duração: 85 minutos – Recomendado para maiores de 14 anos
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Dias 30 e 31 de julho
UM HOMEM É UM HOMEM
Formação 12 da Escola Livre de Teatro de Santo André
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A peça de Bertolt Brecht mostra a transformação do estivador Galy Gay no soldado Jeraiah Jip, numa cidade fictícia do oriente, e serve como metáfora do homem contemporâneo: no capitalismo, o homem é mercadoria à venda e faz o que for preciso para se dar bem.
A encenação conta com 19 atores e trata com ironia, cinismo e riso a desmontagem e remontagem de um homem e os mecanismos de alienação aos quais estamos submetidos em nossa sociedade.
Duração: 1 hora – Recomendado para maiores de 12 anos
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Dias 6 e 7 de agosto
ENTRE A COROA E O VAMPIRO
TERROR E MISÉRIA NO NOVO MUNDO PARTE II: O IMPÉRIO
Cia. Antropofágica
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Esta é a segunda parte da trilogia da Cia. Antropofágica sobre a História do Brasil. Depois de se debruçar sobre o período colonial, Entre A Coroa E O Vampiro parte do Império para discutir o Brasil contemporâneo, o trabalho, imperialismo,…
O escracho e a irreverência são características da cena antropofágica e se adequam perfeitamente ao Brasil do século XIX, XX, XXI… Por aí, é fácil perceber que a versão de nossa história apresentada no espetáculo não é igual à versão oficial apresentada nas escolas.
Duração: 2 horas – Recomendado para maiores de 14 anos
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Dias 13 e 14 de agosto
OS FILHOS DA DITA
Arlequins
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O golpe militar de 1964, o ambiente político e social no qual foi gestado e a longa ditadura que dominou o Brasil são os temas de Os Filhos da Dita.
Mas o espetáculo não pretende ficar só na história, nos fatos passados. Quer voltar os olhos para a ordem e o progresso, esse fascínio que ainda exerce o desenvolvimentismo no qual se embrulhou a ditadura civil-militar brasileira e que ainda embala e justifica os sonhos de crescimento econômico do governo e empresários em troca de empregos e cabrestos distribuídos aos trabalhadores.
Duração: 65 minutos – Recomendado para maiores de 14 anos
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Engenho noite-cl
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COMO CHEGAR
O Engenho Teatral é um teatro móvel e no momento está montado na Radial Leste, dentro do Clube Escola Tatuapé (parque da Prefeitura que alguns moradores ainda conhecem como “Sampaio Moreira”).
PARA QUEM VAI DE METRÔ:
Pegue a linha Leste-Oeste e desça na estação Carrão. Passando as catracas, vire à esquerda, siga até o final da passarela que fica sobre a avenida e desça pela última escada à esquerda (você estará no terminal de ônibus, de onde se avista o Teatro à direita, um enorme iglu branco). Terminando a escada, siga em frente até a próxima esquina (Rua Monte Serrat) e vire à direita, contornando o muro do parque, até chegar no portão de entrada. Entre e vire de novo à direita, seguindo as placas de Teatro e Estacionamento.
PARA QUEM VAI DE CARRO
SENTIDO CENTRO-BAIRRO:
Pegue a Radial Leste. Passando o metrô (e Shopping) Tatuapé, mantenha a direita. Debaixo da passarela do metrô Carrão, entre à direita na bifurcação, passe bem ao lado do terminal de ônibus e vire na primeira à direita (Rua Monte Serrat), contornando o muro do parque até o portão, poucos metros à frente. Entre no parque e vire à direita no estacionamento, que fica à frente do teatro. Estacione, tranque o carro e leve as chaves com você. É tudo de graça.
SENTIDO BAIRRO-CENTRO
Pegue a Radial Leste em direção ao centro. Depois da Av. Aricanduva, mantenha a esquerda. Assim que passar por baixo da passarela da estação Carrão do metrô, faça a conversão à esquerda no semáforo, pegando a Radial no sentido oposto, mas não pela pista principal e sim pela marginal que passa ao lado do terminal de ônibus. Vire na primeira à direita (Rua Monte Serrat), contornando o muro do parque até o portão, poucos metros à frente. Entre no parque e vire à direita no estacionamento, que fica à frente do teatro. Estacione, tranque o carro e leve as chaves com você. É tudo de graça.
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fomento
Grupo Clariô de Teatrowww.espacoclario.blogspot.com

terça-feira, 12 de julho de 2011

MARCELINO FREIRE LANÇA NOVO LIVRO AMANHÃ - QUARTA FEIRA!!!

BORA PRA LÁ GENTE:

A EDITH lança "AMAR É CRIME", novo livro de 
MARCELINO FREIRE!
Coisa boa é ler, ouvir, fazer MARCELINO. Um gênio da literatura contemporânea, que salva-nos a todos, lembrando que, como diz MIRÓ: "Tá todo mundo Help!"



Quem puder, vá!
Quem não puder, recomende!

É amanhã (4ª Feira) na COOPERIFA e Quinta feira no B_ARCO!

domingo, 3 de julho de 2011

HOSPITAL DA GENTE NO FIT E NO TUSP






"HOSPITAL DA GENTE", do GRUPO CLARIÔ no 
FIT - FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO 

Publicado em AQUELE SITE no dia 13/06/2011 01:50:00Categoria: FIT

"Um espetáculo que traça um novo caminho e apresenta para o mundo, a vida, gestos, palavras e toda cultura dos excluídos do Brasil. "

No ano de 2001, um grupo de artistas junta-se em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, com o intuito de criar um grupo teatral capaz de refletir sobre a arte na periferia. Após quatro anos de pesquisa de várias linguagens teatrais, é fundado formalmente em 2005, o Grupo Clariô de Teatro.
Neste mesmo ano, constituem o Espaço Clariô, sede da companhia, em que o grupo realiza um trabalho de pesquisa enraizada nos guetos e no cotidiano do cidadão periférico.
Em 2008, por meio do encontro com os contos do escritor Marcelino Freire, o grupo lançou o espetáculo Hospital da Gente, dirigido por Mario Pazini.
A montagem, indicada a cinco categorias no Prêmio Cooperativa Paulista de Teatro, será apresentada no FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO de São José do Rio Preto, na categoria de espetáculos nacionais.
Um espetáculo que traça um novo caminho e apresenta para o mundo, a vida, gestos, palavras e toda cultura dos excluídos do Brasil.

Sinopse
Catadas dos cantos/contos de Marcelino Freire, trabalhadoras do Brasil abrem as portas dos seus barracos para revelarem a que vieram, qual o seu papel, seu lugar dentro de uma estrutura caótica e desigual.
Sem drama!
Não há o drama.
Figuras tão conhecidas como a mendiga, a bêbada, a prostituta, a velha, a mãe ou a dona de um boteco de uma Favela Fênix qualquer, dão luz a perguntas apagadas do nosso questionário a respeito do que está acontecendo.
O que esta acontecendo?
O que você faz com a fome, tem remédio? Onde eu vou achar tanto remédio bom? Minhas asas quem mandou cortar? Capim sabe ler? Hein? E o cachorro? A cachorra? Sou puta ou não sou puta? Parado não é pior? Repartir seu quarto? Pergunta? Cadê meus dentes? Tem esforço mais esforço do que o meu esforço? Ta me ouvindo bem? Já viu amor entre porco? Entre sapo? Entre pombo? Aí diz que o pombo é bonito porque o pombo se empomba, porque o pombo corre atrás da pomba, bom é pombo assado e pronto!
O moço ta servido? A moça?

Sobre o Grupo Clariô de Teatro
Espaço Clariô: Rua Santa Luzia, 96, Taboão da Serra – SP
Site: http://espacoclario.blogspot.com

Ficha Técnica
Autor: Marcelino Freire
Direção: Mario Pazini
Elenco: Alaissa Rodrigues, Janaína Batuíra, Luana Lima, Maira Galvão, Martinha Soares, Naloana Lima, Naruna Costa e Paloma Oliveira
Cenografia: Alexandre Souza (João)
Contra-regra: Diego Avelino
Iluminação: Will Damas
Música (composição e direção musical): Naruna Costa
Figurinos: Grupo Clariô de Teatro
Assessoria de Figurinos: Leandro Benites
Adereços: Martinha Soares e Naruna Costa
Técnico palco: Alexandre Souza
Música “Beradêro: Chico César
Arte Visual: Naruna Costa
Fotos: Moisés Moraes
Contos (por ordem de entrada): Nação Zumbi; Trabalha-dores do Brasil, Balé, Muribeca, Totonha, Phoder, Vaniclélia, Darluz, Amor Cristão, Socorrinho, Da Paz e Favela Fênix.
Contos extraídos das obras: Angu de Sangue, Balé Ralé, Contos Negreiros, Rascif e alguns ainda inéditos.

No FIT
Categoria: Nacional
Classificação: 12 anos
Nacionalidade: Brasil
Cidade: Taboão da Serra (SP)
Duração: 100 minutos

"HOSPITAL DA GENTE" no TUSP, na 
"MOSTRA MILITÂNCIA TEATRAL NA PERIFERIA"



CULTURA - 01.07.11

Mostra do Tusp traz ao palco o teatro da periferia de São Paulo
Paulo Fávari / USP Online
paulo.favari@usp.br
Do dia 7 ao dia 31, sete grupos teatrais de São Paulo se apresentarão no Teatro da USP (Tusp). Eles compõem aMostra Militância Teatral na Periferia, dedicada a trazer ao centro a produção teatral que acontece nas partes mais distantes da cidade. “Periferia em relação a o quê? Depende do ponto de vista. Nós estamos na periferia do centro, mas talvez o centro esteja na periferia dos núcleos, dos grupos. Talvez São Paulo seja a periferia de algum lugar, o Brasil seja periferia de uma economia, de um sistema”, reflete Beto Nunes, ator do Grupo Engenho Teatral.

Além do Engenho, sediado em Tatuapé, participam também os grupos Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes, de Cidade Patricarca; a Trupe Artemanha, de Campo Limpo; oBuraco d’Oráculo, de São Miguel Paulista; a Brava Companhia, que atua na Zona Sul; o Grupo Clariô de Teatro, de Taboão da Serra, e o Grupo Pombas Urbanas, de Cidade Tiradentes.


Além da apresentação das nove peças em 14 horários diferentes, a mostra também conta com mesas-depoimentos, em que os artistas debatem suas experiências. “Esses grupos vão contar as suas histórias, falar das suas relações com o público, da manifestação estética, por que se produz desse jeito. Isso é uma coisa muito importante de se fazer, porque todos eles têm uma razão e objetivos muito claros. Todos têm uma história e  experiências muito ricas que devem ser partilhadas por outros fazedores de teatro”, explica Sebastião Milaré, curador da mostra e ex-curador de teatro do Centro Cultural São Paulo, de onde saiu no ano passado.

O espaço e o público

As peças são em sua maioria originalmente de rua. Consequentemente, para se apresentarem no Tusp, algumas modificações tiveram de ser feitas. Para Milaré, os grupos já estão acostumados a trabalhar em diversos tipos de arquitetura, devido à realidade que enfrentam em seus bairros. “Há uma certa maleabilidade porque eles têm de aproveitar o que aparece para fazer. Nós não podíamos fugir do espaço físico que é o Tusp; trazer uma mostra implica em realmente abrigar esses grupos aqui”, explica.


Juliana Flory, do Grupo Pombas Urbanas, conta os questionamentos de seu grupo sobre o assunto. “A gente também teve essa mesma reflexão: vamos apresentar lá no Tusp e os nossos espetáculos funcionam primeiramente com a comunidade, justamente numa linguagem em que o público precisa participar. Se começamos uma apresentação e o público fica muito quietinho, é muito difícil”, diz, e emenda em meio a risos: “o ponto com que ficamos mais preocupados é a necessidade de adaptar o espaço físico, mas pensar uma forma de realmente provocar as pessoas para participarem do espetáculo. Pensamos até em trazer uma galera da comunidade’”.


Não é "zoológico"
Segundo Sebastião Milaré, a busca do teatro pela rua é uma tendência não só brasileira como da América Latina como um todo. “Acho que essa ideia de um teatro de convenção, tradicional, está sendo minada terrivelmente. O acadêmico, o pensador do teatro, não pode se isolar dessa realidade, que é a grande realidade do teatro hoje. Ele tem que começar a entender essas vertentes diferenciadas”, explica.


E completa, valorizando a tendência: “a Mostra não é só uma mostra de curiosidades, de mostrar uns grupos que fazem [teatro de rua]: ‘olha, que excêntricos que eles são’. Essa vertente do teatro tem de ser vista de uma maneira muito séria e tem que merecer a reflexão, também de quem estuda o teatro, como uma vertente muito importante atualmente”.

Serviço
Todas as peças e atividades da mostra são gratuitas. A programação completa pode ser acessada no blog do Tusp. O Tusp fica na Rua Maria Antônia, 294, Consolação, São Paulo e tem convênio com o estacionamento Mariauto.

Mais informações: (11) 3123-5233, site www.usp.br/tusp

segunda-feira, 27 de junho de 2011

33º QUINTASOITO - FESTA JUNINA NO CLARIÔ!!!!!!!!

33º QUINTASOITO 
F E S T A   J U N I N A !

Este mês o Quintasoito, ao invés de sopa, vai oferece quentão, vinho quente, música e muita alegria em sua FESTA JUNINA no ESPAÇO CLARIÔ
Ao som das sanfonas, violas e zabumbas,  propomos uma "Jam Caipira", uma roda de celebração onde todos podem participar e  oferecer o que há de mais junino festêro pra  comemorar esse arraial conosco!
Venham! 
Preparem alguma poesia caipira, uma música regional, conte um causo uma história de fogueira pra gente celebrar!! 
Pode vir a caráter ou não, se quiser, traga quitutes, ou só venha, assim assim, de corpo e alma 
para a nossa FESTA JUNINA!
E VIVA! 
ESPERAMOS TODOS E TODAS NO ESPAÇO CLARIÔ! 
NESTA QUINTA FEIRA, DIA 30, AS 20H.
ENTRADA FRANCA! 

terça-feira, 21 de junho de 2011

VÔA VÔA URUBU!!!


SAUDAÇÕES!
Que saborosa foi nossa curta e grossa temporada de "URUBÚ COME CARNIÇA E VÔA!" no Espaço Clariô!! 
Um filhote ainda frágil, acabado de sair do ovo, mas que ao passar dos dias foi se fortalecendo  e criando coragem para alçar os primeiros vôos. E agora sai do ninho pra conhecer novos céus, ainda que próximos ao lar...
Vamos circular durante o mês de junho e julho com o espetáculo e logo que dê (provavelmente no final de agosto), retornamos a casa para uma nova e novamente curta temporada!

Aqui, deixamos a imensa gratidão do GRUPO CLARIÔ à todos os que foram visitar nosso URUBU, que compartilharam conosco  as palavras de MIRÓ, que nos ajudaram e ajudam na caminhada... Muito obrigado, muito obrigada!

Agradecendo muito e muito mesmo, a generosidade desse escritor de MURIBECA, que mesmo sem ainda ter tido a chance de ver o trabalho, tanto torce quanto apóia e vibra com o projeto! 
MIRÓ, é sobre você que falamos e à você que oferecemos esse nosso vôo, essa nossa empreitada! Sabemos o quanto gostaria de estar aqui nesses dias que passaram, mas mesmo não estando de corpo presente, tua alma e tua história estiveram conosco e por nós representadas, a cada palavra, a cada passo. Muito obrigada! Muito obrigado! SALVE SALVE SARAVÁ!

Salve também aos que generosamente nos ofereceram suas palavras e impressões sobre o que viram e sentiram em nossa casa nesses dias que passaram...
Forte abraço do GRUPO CLARIÔ DE TEATRO. 
AXÉ!

Vejam abaixo algumas manifestações:

Eu queria ser um urubu
por André Persant (ator/cidadão)
"Pra começar a falar sobre minha experiência com a peça “Urubu come carniça e vôa”, cito uma pequena curiosidade que alegrou e alimentou minhas ideias: o fato de terem deixado que eu entrasse no local do espetáculo tomando minha latinha de cerveja. Que maravilha! Parafraseando o (também) pernambucano Francisco de Assis França, ou simplesmente Chico Science, “Uma cerveja antes do almoço (peça) é muito bom pra ficar pensando melhor”. E assim fui eu, pronto para o espetáculo.
Como não sou crítico (muito menos intelectual) e sim ator, costumo medir o quanto gosto de uma peça pela vontade que vou sentindo ao longo da obra de participar ativamente dela, ou seja, atuando. Em “Urubu...” essa vontade foi latente em mim a cada fragmento da obra. Eu desejava manusear um dos coloridos guarda-chuvas de frevo, gostaria de fazer uma cena naquela rede, com as bolinhas de sabão caindo (que linda cena e iluminação), gostaria de repetir o texto do menino que riu e foi abordado pela polícia, ai como eu queria ser um urubú. O que vi foi uma obra tão bem acabada e tão viva que a única coisa que eu pensava era, “porra, como eu queria fazer essa peça”. Apesar de não ser músico, adoraria tocar alfaia em algum momento da peça, nem que fosse só pra entrar, bater e sair. Já ficaria contente.
Falando agora como um cidadão suburbano é cortante vê, por meio do texto, que o tratamento dado ao “periférico” é o mesmo ao longo do país. Que essas periferias estão tão longe e ao mesmo tempo tão perto. Perto na dor e na luta pela dignidade, expressas através da arte. Linda arte. Acho que mesmo tratando de temas tão pesados, a direção conseguiu deixar a encenação leve e (até) alegre, como o frevo. Texto e encenação são grandiosos e me senti representado, tanto como artista e também como cidadão. Valeu Clariô. E meus sinceros PARABÉNS!"

POR SIVA NUNES e ROBERTO GOTTS - 
(publicado no facebook do grupo Clariô de Teatro)

SIVA NUNES: ‎"Grupo Clariô de Teatro com Urubu Come Carniça e Voa. Há muito tempo que não saio tão emocionado de um espetáculo feito com graça, raça, talento e beleza! Vocês iluminaram minhas ideias e em fez acreditar, mais uma vez, que é possível fazer teatro da melhor qualidade, em todos os aspectos, dentro de nossas regiões. Não tenho mais para quem agradecer. Dionísiôô, abençõe essa trupe! Merda eterna!"

Roberto Gotts "Um espetáculo que termina com aplausos incontroláveis, intermináveis, é um espetáculo que dignifica o TEATRO, a ARTE! Visagismo impecável, direção criativa que a tempo não via. Atores amantes e amáveis. Pessoas que se dizem de teatro: saiam do se conforto e vão aprender algo com o GRUPO CLARIÔ. Por fim: meu imposto está muito bem empregado com eles! CLARIÔ, CLAREAI OS NOSSSOS PALCOS SEMPRE!!!"

Siva Nunes "Eu mesmo fiquei aplaudindo mais de 5 min freneticamente e o povo não queria parar de aplaudir... foi um momento mágico!"

TRAGEALEGRIA
POR: MARCELINO FREIRE 

"Suzana foi comigo à peça do grupo Clariô.
Foi Suzana quem tirou esta foto.
- É o máximo!
Aí eu contei a história para ela.
De quando conheci o grupo, no b_arco.
Naruna Costa – que está sentada, fazendo sinal de paz e amor – interpretou uma canção do Chico César.
Eu estava com o Chico e a gente ficou pasmo – ela cantava Beradêro. Como ninguém. Aí a gente foi dar os parabéns.
Mário Pazzini, na foto idem, disse que eles estavam começando um grupo, sob direção dele, em Taboão da Serra. Dei de presente, àquele mesmo dia, o livro Contos Negreiros.
Eles me procuraram, uns meses depois. Iam levar meus contos ao palco. Fiz, à época, uma visita à sede do Clariô - um sobrado que, quando montaram a peçaHospital da Gente, foi transformado, cenicamente, em um impressionante favelão.
O título Hospital da Gente, aliás, saiu daquela música do Chico. Até hoje, apresentam a peça por aí, sempre com muito sucesso.
Mas, enfim. Eu estava falando da Suzana – e de que fomos, juntos, ver a nova montagem, a Urubu Come Carniça e Voa.
- É da porra!
Mário é um diretor foda! Conseguiu costurar as poesias do Miró em um espetáculo vigoroso, colorido - uma verdadeira tragialegria (expressão inventada agora, por mim – mistura de tragédia com alegria).
Está bem diferente do Hospital – e creio que melhor. Porque o grupo se superou em interpretação, entrega, amadurecimento gostoso de ver. Um clássico, posso dizer. Vi uma peça clássica, feita com entusiasmo raro. E raça.
Como adoro essa turma!
Hoje, no mesmo local do sobrado, levantaram um galpão – fruto de esforço, teimosia, talento, trabalho.
Deixo, aqui, o meu abraço emocionado a todo o elenco.
E o recado a você, aí do outro lado. Não deixe de assistir.
Para saber mais, clique aqui.
E mais não digo. Fui ali e já volto.
E outros beijos lambidos.
- Eca, é, Meu Cristo!"

Clariô redentor
POR: SALLOMA SALLOMÃO no blog: MOSAICO NEGRO BRASILEIRO

"Não me leve a mal, mas tenho que contar o que vi. Sugiro que você também vá ver e ouvir.
Por Salloma  Sallomão.
Espaço Clariô na Periferia Zona Sudoeste de Sampa.
Trata-se de um grupo teatral que se apresenta lá, onde Urubu come carniça e voa.
Clareou , para o cantor e compositor nordestino Dimello era “quilariô, raiou o dia eu vi chover na minha horta, ai ai meu deus do céu, quanto eu sofria ao ver natureza morta.” Em plenos anos 1970. Depois de cantar sua canção ao lado do radio de pilha, encontrei Dimello, Ivo, Vandré e o mestre dos tambores, saudoso  Bira da Silva. Quilariô, isso aconteceu em 1979 nos confins das Gerais.
Situada no limite em Taboão da Serra e São Paulo, cunhada de ferro, com madeira na frente da casa. De talhe nobre e resistente, ponte de cultura ao invés de boteco ou Igreja.  Barracão com telhado frio-quente de Zinco, fincado no pé do morro. Morro do Cristo redentor. Redenção de quem? Bem ao lado de uma Casa de Santo, pintada de azul. Pra mim, isso é que é um bom presságio. É que lá, lá na rua do Clariô, a Santa Luzia guarda bem seus olhos, para quando clarear. O grupo Clariô atente ao número 96, não é coincidência, é santuário festivo e profano de culturas híbridas.
O meu texto e o delas, talvez não sejam claros, o próprio dia não é totalmente claro. Mesmo um dia desses de sol é cheio de desvãos, de escuridão e de sombras. Enfim, nem tudo que parece claro, o é. Clariô então é negro, é negra, predominantemente áfrico, como uma deusa que vem do sudoeste enegrecendo a cultura artística do Atlântico negro  e o expandido para a periferia.
Periferia era antes uma categoria geográfica, tudo que não era colônia Peri feria. Transformada em discurso político e agora é um território criativo. Criativo porque a megalópole é tensa e ainda cega, ( minha Santa luzia) como era no início dos anos 1990, quando os pioneiros do Movimento Hip Hop construíram um discurso sonoro negramente esclarecedor e poético vingador. Racionais e outros jovens negro-mestiços cunharam um outro modelo musical-comportamental e humanizaram a tal periferia. Antes imagem que lugar construído como sendo do caos e da anomia. Foram eles quem nos viram pessoas por detrás dos números das estatísticas da violência institucional e deram nomes para as “donas marias” de pele escura que viram (vimos) enterrando os filhos de vidas ralas, amigos seus e meus, nas covas razas do cemitério do Jardim do São Luis.
 Aquele lugar agora é reivindicado como espaço iamginário-estético surge outra periferia cuja ética somos portadores. A mídia não nos via e quando via, era uma lente grossa demais que distorcia tudo, um véu tosco que impedia que vultos e vozes o atravessassem (Dubois). O racismo anti-negro é feito não só de barreiras concretas-físicas, mas acima de tudo da sobreposição de véus que turva a visão de quem olha de ambos os lados.
Clariô vive teatro, ele faz  conexão é com Recife grande, não com as praias pra turistas, mas os arredores dos arrecifes. Lixão, onde os “urubus passeavam entre os girassóis” e seres humanos abandonados ali. O texto não, mas a interpretação costura, cinge, religa memórias, histórias e ficções de Miró de Muribeca. Ele batizado João Flávio Cordeiro, poeta é pessoa completa e sã, pelo que dizem os textos. A ponte-poesis é feita entre contextos tão similares, quanto distantes. Recife-Taboão da Serra.
A luz é econômica, o figurino adequadamente feito de sobras e reaproveitamentos. O cenário coerente em  ferro e madeira. O ritmo de tudo não é lento, mas me ajuda desacelerar o coração, já metropolitano em demasia. A ponte é feita por um elenco enxuto de três belíssimas atrizes, mulheres jovens e três atores quase berberes, em minhas miragens de áfricas e raças. Resumindo são todos negros  em vários tons, isso por si só já é um tremendo deslocamento, se pensarmos na “Negação do Brasil”(Joelzito Araujo) ou na longínqua emergência do Teatro Experimental do negro (Abdias é morto centenário). Quero dizer, agora é um prota- agonismo negro sem um lugar, onde o teatro tem sido lugar quase exclusivo de branco.
O texto começa onde termina e bem no meio parece que não voltará jamais ao centro, a não ser pela alusão à noite, ao beco escuro, a constatação da violência como cultura. Mas ela, a violência endêmica, não aparece para despertar lamurias, figura também como ponte a elaboração estética. O texto falado em costura (quase jogral) não desenreda, abre flancos, picadas e apenas entabula os fragmentos discursivos ( luz e sombra, música e silêncio, oralidade e silêncio, movimento e coreografia, cenário, figurino) e reflexivos e um tempo, uma experiência, uma visão do mundo, tal como ele se apresentou ao poeta.          
 A música de Di Ganza insinua pontes com o grupo Armorial, mas apenas isso, não tem aquela presunção de vanguarda iluminista nordestina. O autor figura no campo de novas criatividades e musicalidades negras paulistanas, traz a ambigüidade na aparência e ambivalência no som, eu o coloco no oceano do atlântico negro, ainda em processo aqui. Di Ganzá vem cheio de gás e idéias, vem sem medo de se expor. Depois é que virá a coisa da dinâmica na execução, no ajuste da afinação das cordas friccionadas em contraste com a flauta transversa. Mas as melodias delicadas estão lá, as cadências sem engano, os contrapontos refinados, aqui e ali algum tambor, como uma memória quase remota da afrorigem.
Eu vi Arena Conta Zumbi no interior de Minas em 1969 apenas com atores negros, também vi União e Olho Vivo no parque Santo Antonio (1976) só de brancos, pude assistir o Galo de Briga no Grajaú (1979) em sotaque italiano e brados operários. Vi teatro popular Maculelê-Maracatu escrito e montado por capoeiristas da Corrente Libertadora no Sindicato do Químicos e no largo do São José. Por conta disso que assisti perplexo a emergência do Teatro Vocacional Frateschiano em São Paulo em 2000. Foi esse o último projeto que partia da velha e desgastada idéia que o popular (povo) é um lugar vazio a ser preenchido pela cultura dominante.  Aprendi sobre os exemplos do Armorial dentro de um projeto nacional-modernista e dos Cpcs que também vinha marcado por um viés missionário e catequético, salvacionista e elitizado. Mas o que acontece agora é um fenômeno de outra ordem.  A exemplo de outros grupos como  Os Crespos e Capulanas Cia de Artes Negras, o trabalho do Clariô é nitidamente político sem ser panfletário e é negro sem dizer que o quer ser.
Em palestra realizada na USP em 1973, Roger Bastide (publicado em Bastide, Roger. Sociologia do teatro negro brasileiro. São Paulo: Ática, sd), apontava a origem do teatro negro nas coroações de Reis Congos, nas festas de Congada, nos Ritos de Candomblé e na Festa do Bumba meu Boi. Conquanto criticasse a caricatura e folclorização do negros, ao que me parece apontava um caminho a seguir e não um passado  a velar. Também preconizava o surgimento de um teatro popular negro no Brasil sob os escombros da cultura dramatúrgica ocidental burguesa, cuja narrativa havia perdido justamente sua criatividade, por se desconectar de sua matriz popular.  
Viva Clariô, ainda que ponha fogo no pé do redentor. Labaredas!!!!!pedra também pega fogo???? Vai lá, vai ..... via Santa Luzia 96, um galpão de preto forro, ao lado daquela casinha de Umbanda. Salve a Provincia do Bengo,  auê Thimbanda, Quimbanda Auê!." 
Bjs
Salloma