Trouxemos nossa letra até Brasília!
Daqui a pouco vamos fazer do teatro da Caixa Cultural o Hospital DA GENTE!!
Vejam abaixo a matéria que saiu ontem no correio Braziliense.
por Mariana Moreira.
inté!
Grupo paulista traz dramas das periferias de grandes cidades Histórias são contadas com o vigor e o realismo por quem vive nelas
Mariana Moreira
Publicação: 04/11/2010 08:00
O grupo Clariô de Teatro pegou textos do escritor Marcelino Freire para contar histórias de mulheres brasileiras |
A ótica adotada é a das mulheres, vítimas da miséria e da violência que consomem as regiões mais carentes das cidades. “Na questão social ou financeira, homens e mulheres são iguais. Mas, na periferia, ela é o homem, a mulher, a renda, o seio, a prostituta, o alicerce da luta”, explica o diretor da companhia, Mário Pazini. As histórias desfiam um rosário de situações inspiradas na realidade de mulheres brasileiras, representadas por uma octagenária que se recusa a aprender a ler, da moradora de um lixão, da dona de um boteco, de uma mãe que perdeu os filhos, uma prostituta, uma religiosa radical e até de uma cidadã miserável que decide dar sua prole, em vez de vê-los passar fome.
Apesar da aridez do tema, os integrantes da companhia afirmam que o assunto recebe tratamento elegante e bem-humorado. “O espetáculo é ético, não apelativo. Já nos disseram que a interpretação ajuda a criar uma linha fronteiriça que não vai ao lamento ou à acusação. As personagens não são coitadas, nem hostis. Contam uma história e cada espectador recebe aquilo da sua maneira”, destaca a atriz Naruna Costa. Todas saíram de 12 contos do autor Marcelino Freire, extraídos dos livros Angu de sangue, Balé ralé, Contos negreiros e Rascif. “Marcelino veio de Sertânia (PE) e diz que escreve para se vingar. Trouxe com ele as mulheres bate-panela, com postura firme na vida. Algumas são do passado, a vizinha, a avó. Outras são fruto de acontecimentos que o inspiram”, explica Naruna.
Interação
Na Grande São Paulo, o espaço do grupo se transformou em cenário, ganhando uma dezena de barracos, tapumes coloridos, varais e até os tradicionais gatos, fiação clandestina de eletricidade, comuns nas favelas. O público caminha atrás dos atores e interage com o ambiente. Aqui em Brasília, a comunidade terá de se adaptar ao palco, mas o propósito de Hospital da gente será o mesmo: dar voz ao movimento cultural que borbulha nas periferias.
Segundo os integrantes da companhia, os coletivos de arte se multiplicam e o cenário é de virada cultural nesses bairros, cada vez mais animados por saraus, peças e apresentações. O próprio Clariô abre o espaço, todas as quintas-feiras, para artistas que povoam a cena dita “marginal” e, em dois anos de projeto, nunca houve atração repetida. “A gente costuma dizer que as bordas da cidade estão em fermento forte e vão se unificar, porque estão inchando”, relata Naruna. “Aí sim, os governantes terão que acordar para a produção de cultura nesses lugares”, avisa Pazini.
HOMENAGEM
O nome da peça foi retirado de uma frase da música Beradêro, de Chico César, que trata da vida dos retirantes, da violência e do preconceito nas cidades grandes. A sugestão foi do próprio Marcelino Freire, autor do texto, e a música ganhou versão ao vivo, cantada pelos músicos no encerramento do espetáculo. O hospital, neste caso, faz referência a doenças sociais que afetam mulheres como as retratadas na peça.
SAIBA MAIS...
Relações com a comunidade
As raízes do grupo surgiram em 2001, quando alguns integrantes montaram um coletivo chamado Etnoboró, dedicado aos teatros de rua, de bonecos e infantil. Depois de um tempo de pesquisa, o grupo se renovou e montou o espetáculo Dente Vicente que sente. Patrocinado por um projeto cultural, o espetáculo permitiu o aluguel do espaço que a companhia mantém até hoje, em Taboão da Serra, onde estabeleceram contato estreito com a comunidade.
Na interação com a periferia, surgiu o texto, Foi bom, meu bem?, de Alberto de Abreu. Nesta fase, a nova casa e os trabalhos envolvendo corpo, voz e música trouxeram o novo nome da trupe, que não tem uma explicação objetiva. “Parece que quando arrumamos um espaço, mudamos a estética e o conteúdo, as coisas clarearam”, sinaliza Naruna.
Durante uma apresentação na inauguração de uma casa de cultura, o grupo conheceu Marcelino Freire, que foi ler trechos de seus textos no evento. A parceria surgiu com Hospital da gente, há três anos e, desde a estreia, o espetáculo ganhou três categorias do 1º Prêmio da Cooperativa Paulista de Teatro (melhor elenco, melhor direção e grupo revelação), sendo o mais premiado do ano. A peça já passou por São Paulo, pelo interior paulista e pelo Rio de Janeiro antes de vir a Brasília.
HOSPITAL DA GENTE
Peça do grupo Clariô de Teatro. Amanhã e sábado, às 20h, e domingo, às 19h, no Teatro da Caixa Cultural (Setor Bancário Sul, Quadra 4; 3206-6456). Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia). Não recomendado para menores de 12 anos.
Um comentário:
Daqui a pouco estão em turnê mundial e ainda nem assisti a peça aqui no Taboão!
As vezes que me programei para ir, infelizmente, choveu.
Mas desejo boa sorte nessa nova empreitada!
PS: Conheci a mãe da Maira Galvão (não sei se ainda está na trupe) no circular. Super gente fina!
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